Descoberta da tumba de Tutancâmon
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A descoberta da tumba de Tutancâmon ocorreu em novembro de 1922 no Vale dos Reis por escavadores liderados pelo egiptólogo Howard Carter, mais de 3,3 mil anos depois da morte e enterro de Tutancâmon. As tumbas da maioria dos faraós tinham sido saqueadas por ladrões de túmulos na antiguidade, porém a tumba de Tutancâmon foi escondida por entulhos durante a maior parte de sua existência e assim não foi muito saqueada. Desta forma se tornou o primeiro enterro real do Antigo Egito em sua maior parte intacto.
A tumba foi aberta a partir de 23 de novembro durante uma escavação de Carter com a presença de seu patrono, lorde George Herbert, 5.º Conde de Carnarvon. O enterro consistia em mais de cinco mil objetos, muitos dos quais estavam em estado extremamente frágil, assim conservá-los para remoção da tumba necessitou de um esforço sem precedentes. A opulência dos objetos de sepultamento inspirou um frenesi da mídia e popularizou projetos inspirados no Antigo Egito entre o público ocidental. O Egito tinha recentemente se tornado parcialmente independente do governo britânico, com a tumba se tornando um símbolo de orgulho nacional, criando atritos entre os egípcios e a equipe de escavação britânica e fortalecendo o faraonismo, uma ideologia nacionalista que enfatizava as conexões do Egito moderno com a civilização antiga. A publicidade sobre a escavação intensificou depois que Carnarvon morreu de uma infecção alguns meses depois, levando a especulações de que sua morte e outros infortúnios relacionados com a tumba vinham de uma maldição antiga.
As tensões entre Carter e o governo egípcio sobre quem controlaria o acesso à tumba cresceram depois da morte de Carnarvon. Carter parou de trabalhar em 1924 em protesto, iniciando uma disputa que durou até o final do ano. O acordo que resolveu a questão determinava que os artefatos da tumba não seriam divididos igualmente entre o governo e os patrocinadores da escavação, como era a prática até então, com a maioria dos conteúdos da tumba sendo transferidos para o Museu Egípcio no Cairo. A atenção da mídia diminuiu com o passar dos anos, exceto pela cobertura da remoção da múmia de Tutancâmon de seu sarcófago em 1925. As duas últimas câmaras da tumba foram liberadas entre 1926 e 1930, com os últimos objetos de sepultamento sendo conservados e enviados ao Cairo em 1932.
A descoberta da tumba não revelou tanto sobre a época de Tutancâmon quanto os egiptólogos esperavam, mas estabeleceu a duração do seu reinado e deu pistas sobre o fim do Período de Amarna, uma época de inovações radicais que precedeu seu reinado. Foi mais informativa sobre a cultura material da época de Tutancâmon, demonstrando como um enterro real completo era e proporcionando evidências sobre o estilo de vida de egípcios ricos e sobre o comportamento de ladrões de túmulos da antiguidade. O interesse gerado pela descoberta estimulou esforços para treinar egípcios na egiptologia. O governo tem desde então capitalizado com a fama da descoberta ao usar exibições dos artefatos encontrados na tumba para motivos diplomáticos e financeiros, com Tutancâmon se tornando um símbolo do próprio Antigo Egito.