Doença celíaca
doença autoimune crónica causada por uma reação ao glúten / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
Doença celíaca é uma doença autoimune crónica do intestino delgado causada por uma reação ao glúten em pessoas com predisposição genética.[10] Os sintomas clássicos incluem problemas gastrointestinais como diarreia crónica, distensão abdominal, má-absorção intestinal e perda de apetite. Em crianças, pode ocorrer atraso no crescimento que geralmente se inicia entre os seis meses e dois anos de idade.[1] Os sintomas não clássicos são mais comuns, especialmente em pessoas com mais de dois anos.[8][15][16][17] A pessoa pode não manifestar sintomas gastrointestinais ou manifestar apenas sintomas gastrointestinais ligeiros, podem ocorrer sintomas em qualquer parte do corpo, ou não haver sintomas visíveis de todo.[1] Embora a doença celíaca seja geralmente diagnosticada durante a infância,[8][6] pode aparecer em qualquer idade.[1][8] A doença está associada a outras doenças autoimunes, como diabetes mellitus tipo 1 e tiroidite, entre outras.[6]
A doença celíaca é causada por uma reação do organismo ao glúten, um conjunto de proteínas presentes no trigo e em outros cereais como a cevada ou centeio.[9][18][19] A aveia em quantidades moderadas é geralmente tolerada, dependendo da variedade[18][20] e desde que não esteja contaminada com outros cereais com glúten.[18][21] Ao ser exposto ao glúten, o sistema imunitário desencadeia uma resposta anormal, produzindo uma série de anticorpos que podem afetar diversos órgãos.[4][22] No intestino delgado, esta resposta imunitária provoca uma reação inflamatória que faz diminuir as vilosidades intestinais.[10][11] Isto afeta a absorção de nutrientes pelo intestino, o que em muitos casos causa anemia.[10][19]
O diagnóstico é geralmente feito com análises aos anticorpos do sangue e uma biópsia do intestino, podendo ser apoiado por exames genéticos.[10] No entanto, o diagnóstico nem sempre é conclusivo.[23] Em muitos celíacos, o exame aos anticorpos é negativo[24][25] e muitos indivíduos apresentam apenas ligeiras alterações intestinais com vilosidades normais.[16][26] Em alguns casos, o diagnóstico pode levar anos para ser confirmado, mesmo que as pessoas sejam examinadas e manifestem sintomas pronunciados.[27] Com o avanço das técnicas de rastreio, é cada vez mais comum o diagnóstico de doença celíaca entre pessoas assintomáticas.[28] No entanto, não há ainda evidências conclusivas que apoiem a eficácia do rastreio sistemático.[29] Embora a doença seja causada por uma intolerância permanente às proteínas do trigo, não se trata de uma forma de alergia ao trigo.[10]
O único tratamento eficaz conhecido é seguir uma dieta sem glúten durante toda a vida. A ausência de glúten permite a reparação das mucosas do intestino, alivia os sintomas e diminui o risco de complicações na maioria das pessoas.[13] Quando a doença não é tratada, pode levar ao aparecimento de cancros como o linfoma intestinal e a um ligeiro aumento do risco de morte prematura.[3] A frequência da doença varia entre as diferentes regiões do mundo, desde 1 em cada 300 pessoas até 1 em cada 40 pessoas. A média é de entre 1 em cada 100-170 pessoas.[14] Nos países desenvolvidos, estima-se que 80% dos casos não cheguem a ser diagnosticados, geralmente devido à ausência de sintomas gastrointestinais e ao pouco conhecimento da doença entre a população.[5][30] A doença celíaca é ligeiramente mais comum entre mulheres do que em homens.[31] O termo "celíaco" tem origem no grego κοιλιακός (koiliakós, "abdominal"), tendo sido introduzido na linguagem contemporânea durante o século XIX numa tradução do que é geralmente considerada a primeira descrição da doença por Areteu da Capadócia.[32][33]